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domingo, 16 de junho de 2013

Cara metade ou inteira?

       Em tempos em que o amor é cantado em verso, prosa e comerciais de tevê, quem não está em um relacionamento nessa época acaba por sentir-se destoado, descontextualizado. No dia dos namorados celebramos o amor, aquela época especial onde o romance fica em alta, a troca de afeto, carícias e atenção toma uma conotação especial. Ah... o amor! Amar pode ser muito bom, ter alguém para aconchegar-se, participar nossa vivência, nossas pequenas coisas. Partilhar...

     Alma gêmea, outra metade da laranja, tampa da panela, cara metade e tantas outras definições quanto nossa imaginação permitir. A problemática começa justamente quando atribuímos ao outro a expectativa da completude que é nossa, delegando a este a responsabilidade pela própria felicidade. No entanto, felicidade é um bem intransferível e inalienável, isentando qualquer pessoa, a não ser cada um de nós, por tal responsabilidade. Ao outro cabe apenas partilhar dela. "Apenas". Talvez seja cômodo colocar na conta de outra pessoa realizações e responsabilidades que nos competem, e, somente a nós. Da felicidade às possibilidades, as quais muitas vezes deixamos transcorrer à nossa frente para não sairmos de nossa zona de conforto.  

     Nós não somos uma metade à espera de seu equivalente, somos seres inteiros, íntegros. Se em algum momento de nossa vida buscamos completude, essa apenas depende de nós. Quando sentimos que nos falta algo, a necessidade é nossa. Encontrar alguém para nos relacionarmos não preenche vazio algum, pois este é intrínseco a cada um, de nossa própria responsabilidade e competência. Relações de co-dependência não se desenvolvem de forma plena e saudável, mas se apresentam de modo patológico, com cobranças extremas e, muitas vezes, infundadas. Atribuir a própria realização ao outro pode ser frustrante, além de alienante, afinal, ele nunca terá tal capacidade.


     Relacionamentos se estabelecem, principalmente, através da troca de afetos, da reciprocidade de sentimentos, onde cada lado necessita ceder em determinado momento. Relacionamentos não nos completam, mas complementam. Somos responsáveis pelas relações que estabelecemos, assim como pela própria felicidade. 


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