Translate

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Sucesso


   Vivenciamos a cultura da transitoriedade e imediatismo na qual nos desdobramos ante à fugacidade dos fatos, onde o sucesso repentino e desestruturado se apresenta na notoriedade dos 15 minutos de fama, estabelecendo-se, principalmente, através da exposição ampla nos vários canais da internet, dentre os quais, redes sociais, blogs, etc., assim como no mundo globalizado. Nesses termos, podemos considerar que o sucesso ocorre de maneira democrática, onde cada qual se expõe como quer e fala o que quiser, havendo então, uma seleção natural segundo às demandas vigentes.

   Observarmos a necessidade do sucesso nosso de cada dia e a busca de tal valoração não circunda apenas em ser notado e reconhecido, mas também reverenciado e exaltado. Algumas pessoas precisam de notoriedade, estar em foco e "brilhar". Sem dúvida, é natural se destacar através de determinada capacidade, eficiência, aparência, dom, aptidão, atributo, etc. Sim, a velha questão da meritocracia, entretanto, o modo pelo qual o sucesso é interpretado e atribuído que considero cansativo.   

   Uma curiosidade: por que as pessoas fazem tanta questão de sucesso? É comum observarmos que o valor de alguém seja estabelecido em relação ao sucesso que possui em determinada área, não importa qual esta seja.

    Uma confissão: existem determinadas ocasiões comemorativas em que as pessoas costumam fazer votos de, entre outras coisas, sucesso. Aí, penso comigo: "por que não desejar apenas felicidade, realizações, saúde, coisas boas, etc... ?" 

   Elaborando um paradoxo, bem viajandão, admito, ao nos sobressairmos não implica necessariamente em ter sucesso. Ser bem sucedido traduz-se em obter um resultado positivo dentro daquilo em que alguém se propõe. Fazer bem feito, diria, e ser bem resolvido em relação à tal atribuição. Ser responsável em produzir algo bem sobre o qual se obtém um resultado esperado, deve ser, em primeira instância, uma realização pessoal longe da avaliação de terceiros. Ter consciência do mérito e eficiência próprios deve ser motivo para que uma pessoa se considere bem sucedida. Realizada.

  Contudo, sem demagogia, parece que apenas tal realização pessoal não é suficiente, pois prima-se pelos holofotes. Há indivíduos que necessitam do amplo reconhecimento o qual o sucesso proporciona. Buscam estar sempre em destaque, e, ser bom não basta mas precisam ser "o melhor". Muito jogo de cintura para lidar com tanta vaidade. Talvez um olhar mais abrangente nos permita compreender a necessidade de aceitação, aprovação e reconhecimento amplo do outro. Necessidade de corresponder às expectativas. E como tais expectativas podem ser exigentes! As pessoas as quais buscam tal idealização acabam por tornar-se cansativas para com aquelas que convivem consigo, pois estão sempre procurando se destacar em uma competitividade exaustiva e que lhes proporcione notoriedade e sucesso. Enquanto seres sociais, o olhar do outro também nos constitui, contudo, não deve ser determinante. Quando alguém é ciente e seguro de suas potencialidades, não precisa ficar sendo exaltado e reconhecido publicamente como observamos comumente à nossa volta, onde lemos implicitamente: "me admirem, me amem..."


   Por favor, não me desejem sucesso, mas felicidades e realizações. Se o sucesso vier, será apenas uma inesperada e desapegada consequência.