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sábado, 21 de dezembro de 2013

Mudar, é possível?

   Às vezes chegamos em um momento da vida no qual percebemos a necessidade do desprendimento de nossas próprias verdades, as quais muitas vezes julgamos como absolutas e acabadas. Quando percebemos que a mudança é indispensável para viver melhor, tanto em nossas relações externas, mas também no nosso relacionamento intrapessoal - o modo como nos relacionamos conosco e lidamos com os próprios sentimentos e emoções - já experimentamos situações as quais avaliamos como ruins na vida, e que nos trouxeram prejuízos significativos e sofrimento. Para ilustrar, gosto muito de uma frase de Nietzsche: "É preciso ter o caos dentro de si para dar origem a uma estrelinha bailarina" (do livro Assim falou Zaratustra). Urge, então, a imprescindibilidade de mudança. Contudo, tal reconhecimento pode não ser tão simples, afinal, mudar não é fácil.

  Mudanças no decorrer da vida são relativamente comuns e necessárias, afinal, mudamos com o passar do tempo e durante nosso desenvolvimento, e chega uma hora em que a mudança se estabelece. No geral, mudamos o tempo todo, pois somos seres em constante construção(e reconstrução!). Existem pessoas que são mais flexíveis, o fazem com maior facilidade e desprendimento, enquanto outras ficam mais cristalizadas. Entretanto, a mudança que gostaria de pontuar é a necessidade pessoal que temos para fazê-lo, quando avaliamos nossas idiossincrasias, a maneira pessoal de ser e estar no mundo e percebemos que algo não está legal, que aquele jeito de ser, permeado de atitudes e sentimentos que são nossos, mas que nos fazem tão mal, já não nos serve mais. A partir daí, é necessário assumir a importância de mudança para si mesmo, e tão importante quanto, é reconhecer que não virá extrinsecamente.  

   O processo de mudança geralmente requer muito investimento, tanto de atitudes, mas acima de tudo, emocional. Às vezes é fundamental olhar para certas coisas as quais evitamos para não causar sofrimento. Contudo, creio que o principal passo para a mudança, além do reconhecimento, é a intenção, é querer mudar. E, para tanto, é necessário um movimento inicial para fazê-lo, estar consciente do que se quer e aberto para desconstruir-se. No entanto, tal despojamento pode significar romper com amarras sobre as quais nos desenvolvemos, e assim, mudar não é fácil, mas é sempre possível. E como processo, tem começo, meio e sem fim.  Requer abrir mão de crenças, valores e verdades, estar aberto e acessível para outras possibilidades, outras perspectivas. Mudar também demanda a elaboração de um luto, pois é necessário deixar para trás tudo o que se foi e se acreditou, entretanto, isso pode significar abrir mão das próprias referências e sair da zona de conforto. Sim, esse movimento é essencial para haver mudança. 

  Dentro da singularidade da minha profissão somos constantemente atravessados pela questão da necessidade de mudança, assim como pela resistência à mesma. Talvez, tão importante quanto permitir-se inserir no processo, seja deixar de cobrar-se pela mudança. Quanto mais ficamos ansiosos e nos cobramos pelos resultados esperados, mais podemos nos afastar do objetivo principal, mudando o foco. E não se iluda, haverá altos e baixos, recaídas são muito naturais. De vez em quando voltamos à condição anterior, mas é natural, faz parte da jornada. Quando isso ocorre, achamos que fracassamos, que não estamos conseguindo nada, mas isso também é uma forma de adaptação. A mudança geralmente começa a desenvolver-se de forma suave, leve e sutil. Não acontece de maneira óbvia, explícita, mas se estrutura principalmente nas entrelinhas e, aos poucos, vai se estabelecendo. Quem acredita que pode mudar de maneira repentina, provavelmente irá frustrar-se. O bom mesmo é não perceber a mudança, mas apenas sentir que está diferente. E é assim que acontece, você não percebe como, mas simplesmente mudou. Todos nós somos capazes de mudar, alguns mais maleáveis, outros mais resistentes, mas sempre mutantes.

   A capacidade de mudança é um mérito pessoal de cada pessoa e para ter êxito é necessária a consciência de responsabilidade pela qual fazemos nossas escolhas. Você é o escritor de sua própria história e mudar é reescrevê-la utilizando o mesmo personagem, mas com outras palavras, outros cenários, outras cores.

   2014 vem aí, e que venham as mudanças necessárias. Só depende de você...